Mudanças

Logo assim que iniciei no Ving Tsun, percebi, além da cultura da atenção cuidadosa, que diz respeito ao cuidado, atenção, zelo e respeito, não só com seu Si Fu, mas com toda a Família Kung Fu, Clã e na vida como um todo; mas também uma cultura de fazer acontecer e de “botar a mão na massa” como dizem no popular. Ou seja, a atenção cuidadosa se estende ao cuidado com objetos, com o Mo Gun (ambiente de aprendizagem e refinamento de seu kung fu, convívio e provimento de vida kung fu), com limpeza e organização. Tudo sempre com atenção cuidadosa.

A Família Moy Fat Lei vem passando por grandes mudanças, não só a nível estrutural, de espaço físico, mas uma mudança de mentalidade. Ela está crescendo em idade, amadurecendo e se transformando.

Está se preparando para ir para a casa nova, contando com a Família na organização, zelo e atenção cuidadosa desde o planejamento da mudança, cronograma, manutenção da sala atual para entrega até efetivar a mudança.

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Membros da família se organizaram, se revezaram e estão fazendo acontecer, nesses que também são momentos de vida kung fu. Onde podemos trocar experiências e aprender uns om os outros coisas da vida. Todos somando.

Além desses momentos de vida Kung Fu, particularmente percebi como se intensifica o que se chama de relação Si Fu – To Dai (a relação entre mestre e aluno), nesses momentos e dentro desse contexto de mudanças pelo qual estamos passando.

Uma das tantas coisas que me marcaram dentre conversas que tive com meu Si Fu, foi quando ele citou uma expressão japonesa:

Aikawarazu desu yo (Sem novidades)

E me explicou que lá quando perguntados como estão passando simplesmente respondem ‘Sem novidades’. Creio que para o ocidental soe um tanto frio. Mas entendi pelo viés da atenção cuidadosa a lógica seguida por eles ao responderem dessa forma. Pois se você responde que não está bem e então diz o porque, a outra pessoa pode sentir-se constrangida em continuar  falando sabendo que não está bem.  Ao passo que se responde que está tudo ótimo, animado, a pessoa pode sentir-se constrangida em continuar, principalmente se com ela não estiver tudo bem.

A questão não é como é melhor responder como se está na verdade.Se na cultura deles ou na nossa. O que me faz lembrar de alguma vez ter ouvido de meu Si Tai Gung (Grão mestre Léo Imamura) que não se trata de preferirmos outra cultura que não nossa, mas de nos apoiarmos na outra cultura para nos ajudar a enxergar melhor a nossa. Inclusive os pontos fracos.

Mas é certo que construir um pensamento e ações pautadas no princípio da atenção cuidadosa só pode ser benéfico, para qualquer cultura, em qualquer sociedade.

E passar por essas mudanças em família só reforça esse pensamento.

 

 

 

 

Autor: Christiana Chagas

Christiana Chagas psicóloga clínica

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